
LA TRAVIATTA
Giuseppe Verdi
Opera Bastille - PARIS
Repertórios, Idéias e Diálogos - Maestro Ricardo Prado
Hoje é aniversario do compositor espanhol ISAAC ALBÉNIZ, que nasceu em Camprodón, Girona, em 29 de maio de 1860.
Ele foi o mais velho da geração que reuniu também Enrique Granados, Manuel de Falla e Joaquin Turina, e que fez dos vários e brilhantes caminhos do flamenco e do cante jondo, do aurresku basco, da jota de Navarra, da sardana catalã, da seguidilla e do bolero de Castela, a larga avenida do nacionalismo espanhol. Gosto da sua música e das peripécias da sua vida.
Albéniz poderia ter sido apenas mais um menino prodígio que estreou aos 4 anos no Teatro Romea de Barcelona e que aos 6 foi para Paris estudar com Marmontel. Foi mais um anunciado como “o novo Mozart” – agora mesmo há outro, sobre o qual escreverei em breve. Sobreviveu ao que o violinista Joshua Heifetz (também ele uma vítima) chamava “a doença do menino prodígio” fugindo do pai explorador aos 10 anos de idade!
Desde então, Albéniz foi seu próprio empresário. Organizou recitais e concertos para si mesmo em Ávila, Peñaranda de Bracamonte, Zamora, Toro, Valladolid, León, Logroño, Zaragoza, Barcelona, Málaga, Granada e Cádiz. Quando viu que cuidava muito bem de si próprio e que conquistava um público disposto a pagar para ouvi-lo tocar piano, tratou de deixar seu país e conquistar o mundo – aos 12 anos tocou no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, aonde foi alcançado pelo pai que, lá mesmo, decidiu deixá-lo em paz. No ano seguinte, sempre sozinho, Albéniz apresentou-se em Porto Rico, Havana e Santiago de Cuba. Seguiu para o México e, de lá, para ser carregador de malas em Nova Iorque, cidade que não reconheceu seu talento e perdeu-o para um sucesso consagrador em São Francisco. De lá, partiu para uma série de concertos em Londres, de onde seguiu para estudar em Leipzig e, logo depois em Bruxelas, cidade aonde perdeu seu melhor amigo de libertinagem, que se suicidou depois que os dois foram levados aos tribunais acusados de devassidão. Aos 18 anos foi encontrar Liszt em Budapeste, de quem se tornou um aluno predileto, e que o acompanhava por toda parte. Para descansar, ingressa como noviço entre os beneditinos de Salamanca e, entre uma fuga e outra do convento, dirige uma companhia ambulante de zarzuelas. Casou aos 23 anos com Rosina Jordana, foi um marido e um pai exemplar, dando início a uma vida de criação intensa e carreira pianística muito bem sucedida. Um exemplo para quem acha que artistas precisam sofrer para criar.
Se você quer saber mais sobre ISAAC ALBÉNIZ, um bom começo é o site do CENTRO VIRTUAL CERVANTES.
Eu tenho dois filhos maravilhosos. Gustavo tem quase 26 e Tomás, 24 anos. Mesmo com duas noras deslumbrantes faltava, é claro, uma menina. Que eu tinha esperança que viria como uma neta. Veio uma filha. Porque a vida quis. E eu nunca deixo de repetir, porque ela nunca deixa de demonstrar: a vida é como estar no mar – um pouco a gente nada, um pouco a onda leva.
Foi assim que eu conheci a sua mãe, foi assim que ela veio. Como vida.
Se quiser conhecê-las, visite o blog que a minha mulher criou para mostrar as suas “Crônicas da Maternidade”. Eu acho maravilhoso desde o nome: “Leve um Casaquinho!”.
Eu vou de babador.
A seguir, o texto que escrevi quando soube que era uma...
MENINA?
A luz é quase nenhuma. O pouco espaço é dividido com equipamentos. E o tempo é diverso: o tempo da espera, que é muito; o tempo do crescimento, que é tão rápido; o tempo da felicidade, que se estica o quanto pode enquanto passa tão veloz.
O médico é simpático e afável, e o instrumento em sua mão busca as imagens que se contorcem sobre si mesmas, feitas e desfeitas, escorregadias, sombras e impressões, adivinhações que sorriem nas minhas taquicardias, nas mãos da minha mulher entre as minhas mãos, nós dois te olhando nas telas que te descobrem por entre ela, de dentro de nós.
Em mim, tudo isso - mesmo quase nada - dispara as perguntas.
E se for um sonho? E se for real? E se for menina?
E se for careca, se for loura, morena como a mãe, se for cacheada ou se escorrerem lisos e se ela não gostar de nada disso? E se forem claros, castanhos ou azuis, se forem atentos ou míopes os olhinhos que passaram por ali?
E se as unhas forem como as de uma tia, o sorriso do tio, as mãos de um irmão, o sono do outro, uma certa habilidade do avô, cada detalhe de qual avó, os olhos da mãe e a gula do pai, cada semelhança, preferência, gesto, tudo e cada coisa semelhante e aparentada?
E quando você chorar? E quando for eu a trocar sua fralda? E se você olhar dentro dos meus olhos? E se você me reconhecer? E se, então, você sorrir?
E se quiser brincar? E se for comigo? E se não for? E se eu sempre comprar a boneca errada? E os vestidos, os sapatos, as meias, as tiaras, as bolsas, as panelas, tudo errado?
E se tiver medo do escuro? E quando descobrir que eu também?
E se formos à pracinha, ao parque, ao mercado e você quiser fazer xixi?
E se você usar tranças? E se preferir franjas? E se quiser se descabelar e rir da minha paixão pelos seus cachos?
E se você gostar do sol? E se adorar praias e odiar o frio? E se colecionar conchas, achar tristes os cavalos marinhos, e insistir em mergulharmos de mãos dadas para buscar areia, lá, lá, lá no fundo?
E se preferir doces, e se adorar azedos e gostar, mesmo, é de brincar com comida? E se só eu souber o ponto da torrada, o doce certo de cada coisa, e só para mim você abrir a boca para o aviãozinho de colher e nada mais me fizer tão importante e feliz?
E se você me abrir os braços?
E quando você for para a escola? E quando você tiver febre e te nascerem os dentes? Ou qualquer coisa te maltrate, mesmo que de leve?
E quando você mergulhar no mais fundo, subir no mais alto, enfrentar o mais forte? E se doer?
E quando você me perguntar por quê?
E se você tiver segredos? E se forem com a sua mãe? E na minha frente? E se vocês rirem de mim? E quando vocês rirem de mim?
E se eu perder a graça?
E quando você espichar, assim, sem mais nem menos, de uma hora para outra?
E quando você comprar um sutiã? E quando você não comprar um sutiã?
E quando você menstruar, e quando você for viajar e eu não for? E quando nem sua mãe for? E quando você não souber dobrar o mapa? E quando esquecer os tempos dos verbos?
E se matar aula? E quando mentir para mim? E quando você crescer? E quando isso for tão mais rápido do que eu possa entender? E quando não será assim?
E quando você se apaixonar? E quando não? E quando você amar? E se ele não? E se você chorar? E se eu não estiver?
E se você se zangar e nós brigarmos? E se eu gritar? E se eu não ouvir? E quando você discordar? E, repito, se eu não ouvir?
E se você for para lá, se for para ali, se for para qualquer lugar que seja longe de mim?
E se você for pequena? E se for maior do que eu? E se ficar mimada, amuada, acuada, e achar, e tiver certeza, que o culpado fui eu?
E quando o culpado for eu?
E se você estudar latim, aprender logaritmo, a assobiar para dentro, para fora, estalar os dedos, mexer as orelhas, ficar vesga e nem ter medo que bata um vento? E quando você ficar muito mais esperta do que eu? E quando disfarçar para eu não ver?
E se você dormir no meu colo? E se você nunca mais usar tranças? E quando você não se lembrar mais que eu adorava os seus cachos?
E quando você me contar que está grávida? E se for uma menina? E depois um menino? E se for ao contrário?
E se ele for alemão? E se ele não falar português? E se for para a China? E se você me perguntar o que fazer e eu me lembrar do seu avô e disser que vá também?
E se eu errar todas as perguntas que faço agora? E quando eu errar o compasso, quando não dançar tua valsa, quando não souber tua música, quando me esquecer da letra e que já tive a tua idade? E quando te recusar o razoável, quando errar a mão, quando comer mosca, quando não conhecer tuas gírias, quando não reconhecer teu mundo, quando tiver que deixar que seja você que me leve? E se você não puder me apanhar?
E se você me abrir os braços? E se não se lembrar que eu adorava os seus cachos? E se eu já tiver dito isso?
O médico muda um pouquinho para lá, traz para cá, e não tem dúvida lendo as sombrinhas:
- É menina!
E as respostas vêm de uma vez, todas e cada uma, em você. Minha filha.
Não, não é mais uma grande ópera filmada por um diretor de cinema. O título é no sentido literal: nos últimos cinco meses, algumas das melhores montagens do Metropolitan Opera, de Nova Iorque, têm sido transmitidas simultaneamente em dezenas de cinema dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suécia, Noruega, Dinamarca, Inglaterra e Japão. Em breve chegarão à França, Itália, Bélgica, Áustria e Espanha. O sucesso é retumbante. Em dezembro de 2006, a “Flauta Mágica”, de Mozart, atingiu 21.000 pessoas em 98 salas; em abril passado, “O Trítico”, de Puccini, foi visto por 48.000 pessoas, em 248 salas. Os outros títulos são “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini; “Eugene Onegin”, de Tchaikovsky; a estréia mundial de “O Primeiro Imperador”, de Tan Dun; e “ I Puritani”, de Bellini.
Peter Gelb, o competente diretor da casa, conta que o público total foi de 800.000 expectadores, gerando um lucro (palavra quase desconhecida no mundo da ópera) de 3 milhões de dólares. Mas ele destaca que os maiores ganhos são o crescimento da procura de ingressos para as apresentações ao vivo, o entusiasmo dos técnicos e elencos da companhia e o aumento considerável do público de ópera como um todo. Companhias de Miami, Paris e Londres já planejam lançar suas produções e a venda de ingressos, cds e dvds nas cidades onde as transmissões foram transmitidas, dispararam.
O mesmo fenômeno aconteceu quando, nos anos 30, as récitas dos domingos começaram a ser transmitidas ao vivo pelo rádio e, na década de 50, pela televisão.
Não existe arte velha. O que elas exigem são permanente atualização tecnológica de realização e acesso. O MET sempre liderou este processo.
Prothalamion – substantivo masculino.
Poema ou canção para celebrar um casamento.
VOCÊ SABIA?
Ambrosia – substantivo feminino.
1. o alimento ou o perfume dos deuses;
2. algo extremamente agradável ao paladar ou ao olfato;
3. doce feito de ovos cozidos em leite;
4. doce feito de laranja com coco ralado;
5. licor doce feito com especiarias;
6. grupo de fungos que mantêm relações mutualísticas com alguns insetos.
VOCÊ SABIA?
Música é o produto mais bem distribuído da terra, muito mais que qualquer bom senso ou senso comum - sinto muito, Descartes.
Em todo lugar, o tempo todo, sempre há música. Vizinhos ouvem música - todos os vizinhos ouvem música. Restaurantes não aprendem. Alguém vendeu a idéia de que, além de comer entrada, prato principal e sobremesa, somos obrigados a ouvir música. Não, não são bares com música ao vivo; não são botecos com chorões improvisados, nem porões enfumaçados com tabaco e possuídos de jazz – são música de fundo para acompanhar a comida: eis uma frase feita só de sacrilégios. E querem culpar os açúcares e as gorduras!
Mas há mais... Havia um supermercado que insistia no Concerto No.2 para piano e orquestra de Chopin – talvez por isso tenha trocado de donos. Deviam achar de bom gosto oferecer variedades de queijos, sortimento de legumes, exotismos de frutas, os melhores cortes de quanta fauna se deseje, acompanhados de vinhos intensos, maduros, alguns até austeros, enlevados em Beethovens encorpados e Vivaldis frutados.
Não me estenderei por elevadores, salas de espera, de embarque e desembarque, academias, todo tipo de evento esportivo, de culto religioso, de promoção comercial, de ato público, e de... telefones. Além de cacarejos eletrônicos ou trilhas inteiras de filmes da Disney, conseguiram se sofisticar e tocam Divertimentos de Mozart e – eu juro que ouvi – até o Adágio de Samuel Barber. Para não falar nos telefones celulares que “tocam” cento e dezessete distintas musiquinhas para chamar seu proprietário. Uma melodia para cada amigo, um tema para cada parente...
Minha sincera opinião é de que há música demais, uma imposição de música por toda parte. Precisamos de mais silêncio. Uma volta sutil a este estado magnífico de possibilidade e de escolha, de expectativa, de recusa e de vontade – silêncio.
Um silêncio feito de maravilha: a mais conhecida obra musical da humanidade – mais que qualquer canção dos Beatles – é o primeiro movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven, que se constrói sobre a tensão de uma pausa; Miles Davis era o intérprete do silêncio; no Gênesis não há nenhuma menção nem ao silêncio nem ao som – a música é humana.
Parte de minha gula reprimida tem que se satisfazer nestas pilhas de livros que ensinam, medem, fotografam, tanta inatingível comida. Um dos meus preferidos é O homem que comeu de tudo, uma coleção dos hilários e brilhantes artigos de Jeffrey Steingarten para a Vogue americana. Ele pesquisa e experimenta produtos e receitas, se faz de cobaia para diversas dietas, discute o que dá sabor à água. E ele começa pela lista de suas repulsas gastronômicas e se impõe superá-las para que suas análises se livrem das suas idiossincrasias. Steingarten se dedica ao seu inesperado ofício (ele fora um bem sucedido advogado) buscando ser um homem que come de tudo.
A tarefa que me proponho não é nova ou inesperada. Já escrevi sobre música na imprensa e na internet, e há tempos desejo começar este “Clube”. A vontade é comentar o que ouvi, o que ouço, o que busco ouvir. O desafio é pôr em palavra esta experiência direta, concreta, auto-referente, auto-suficiente, auto-significada – música. E ele me parece mais complicado do que o de Steingarten.
Degustar é da inteligência do corpo. A fome tem o limite da primeira procura humana – a saciedade; a gula tem os caprichos luxuosos da humana elaboração de seus sentidos elevados à potência do pecado.
Ouvir música é uma experiência física da inteligência. Um entendimento corpóreo do tempo engendrando a memória e, assim, o que fomos, o que seguimos sendo, o que poderemos ser. Deveria ser um momento íntegro e feliz, abismado de percepção, de plena sensibilidade – que significa estar voltado a todas as direções.
Música é escolha: música para dançar, ninar, namorar, para lembrar e esquecer, para tocar (com, pelo menos, duplo sentido). Mas música também é para saber: de si mesmo, do outro, do mundo, do outro lado do mundo, de ontem, de hoje, de sempre. Música é tanta coisa que música não pode ser qualquer coisa. E por isso prometo não ouvir tudo.
Este Clube é do maestro apenas porque me dou o privilégio de convidá-los a participar dele. Vamos ouvir música. Tanta, que poderemos formar Repertórios que nada mais são do que escolhas. Tanta, que poderemos descobrir, entender, propor e trocar mais e mais Idéias. Tanta, que sempre retornaremos ao que a música é, ao que as idéias deveriam sempre servir: Diálogos. E tudo isso de forma despretensiosa e, tomara, divertida. Como num Clube.
Que eu encontre as palavras para falar dessa música muda e sem significado dizível.
E que Santa Cecília, a padroeira dos músicos, me ajude.
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